Fecho os olhos
E posso vê-la na janela do quarto
A cortina entreaberta
A porta trancada
O coração igualmente cerrado
A ponta dos pés inexistente...
Tem o semblante triste
Igual flor que precisa de água;
A chuva rara
Faz-lhe entristecida,
Insatisfeita em sua fantasia.
Eleva as mãos desconsoladas ao peito
Parece esperar por socorro
Alguém que lhe roube da escuridão
Alguém que lhe estenda a mão
Alguém que lhe faça multidão.
Ajuda alguma não chega.
Parece repetir embaçando o vidro.
Solidão, solidão, solidão –
Mofou-lhe a fantasia.
A amargura e o dissabor
Correm-lhe soltos pela face envelhecida.
Há tempo não usa espelho
Somente o reflexo do vidro
Encena sua imagem desfigurada;
No palco da vida via-se
A triste sina da bailarina Marina
Que cedo, tinha-lhe os pés amputados.
Ainda na coxia (o seu quarto),
A bailarina Marina
Espera por plateia.
Sem aplausos
Não há espetáculo!
Ensaia palavra,
Mas bailarina é muda
Sua voz é a sua dança, Marina.
Fecho novamente os olhos
Vejo-a na janela se encostar,
Marina bailarina
Tem-lhe, agora, braços roubados,
Sorriso esfarelado,
Alma sem luz, mutilada.
Sem aplausos
Não há espetáculo!
Sem Marina
Não há bailarina...
Não há dança
Que meus olhos possam admirar.
Vontade tamanha de chorar...
ResponderExcluirQuando falta algo, olhamos e não está lá.
Beijos.
Muito bom.
ResponderExcluirForte abraço.
solidões
ResponderExcluirbordam
saudades.
flores.